Com certeza você já se deparou com esse termo por aí. É o termo da moda em congressos, palestras, exposições etc. Fica um pouco difícil saber sobre do que ele trata quando tem tanta gente que dá a sua própria definição. Nesse artigo eu tento, portanto, explicar um pouco sobre o que é industria 4.0 , a partir de várias entrevistas que realizei com profissionais da área neste último ano, e do meu próprio entendimento sobre o tema.
O que é?
Quando você fala de industria 4.0, três palavras devem vir a tona : velocidade, adaptabilidade e dados. Colocando todas em uma frase, a industria 4.0 pode ser definida como um conjunto de tecnologias que auxiliam a manufatura de um produto, adaptando rapidamente a linha de produção à diferentes eventos e usando dados como base para a tomada de decisão. Ou seja, o grande diferencial é que agora a máquina pensa e toma decisões baseando-se de um histórico da produção.
Por que é uma revolução?
Como toda revolução, a quarta revolução industrial visa substituir funções por meio de máquinas. Fazendo um comparativo com as demais revoluções:
1° (1784): Substituição do uso de animais por máquinas à vapor
2° (1880): Aplicação da energia elétrica visando produção em larga escala
3° (1969): Internet, computadores e automação de tarefas humanas simples
4° (Hoje): Simulação, big data, etc com intuito de tomada de decisões complexas que levariam bastante tempo para serem analisadas.
Principais produtos
A pwc mostra uma imagem das principais tecnologias envolvidas no setor:
Usando essa imagem como base, podemos destacar alguns pilares:
Plataformas Iot: Internet das coisas (Iot) é um conceito que refere-se à intercomunicação digital de equipamentos (independente do fabricante) e o compartilhamento de dados entre eles. Em certas plataformas, esses dados são coletados e inseridos dentro de um servidor (conhecido como "data lake") e ficam disponíveis para serem acessados por qualquer usuário ou equipamento com autorização.
Big Data, Analytics e simulação: Particularmente gosto de colocar esses três segmentos dentro de uma mesma categoria (apesar de cada um ter suas características distintas), e é nesta categoria que venho atuando nos últimos anos. Enquanto Big Data é uma ferramenta utilizada para categorizar e tratar volumes gigantescos de dados, o ramo de analytics e simulação tentam encontrar relações (estatísticas ou físicas) entre os dados e reproduzi-las para diferentes cenários. É nesse campo que a inteligência artificial está inserida.
Segurança: Um sentimento válido perante a industria 4.0 é medo de vazamento de informações ou até controle de ativos, já que tudo estará digitalizado e em rede. Nesse aspecto, um tema que vem sendo abordado muito em conferências é a cyber security (principalmente nos últimos anos em que tivemos ataques à empresas de grande porte no Brasil).
Computação em nuvem: Acessar dados e operar sua fábrica de qualquer lugar do mundo, sem ter a necessidade de um software instalado em um computador local, é algo que também vem sendo discutido por várias empresas (sobretudo aquelas que trabalham com produção de energia offshore).
Além das frentes abordadas, outra que vem ganhando força é a utilização de robôs autônomos. Tive a oportunidade de observar alguns em ação com relação à remoção de cracas em grande embarcações.
Benefícios
São inúmeros, a maioria está relacionado com a redução de custos operacionais e isso vai desde redução de energia, mão de obra humana, downtime de equipamentos e paradas.
Para trazer todos esses benefícios a tona (tanto para pequenos quanto grandes empresários), a MindSIM, startup inserida na categoria de big data, analytics e simulação, foi criada. Para isso, ela detêm um software focado em auxiliar os operadores ou engenheiros de processos à rapidamente otimizar o seu processo produtivo atual.
E o Brasil?
Estamos atrasados mas não estagnados. Algumas empresas já compreenderam a importância e os benefícios que a industria 4.0 pode trazer. Em certos casos, o aporte inicial é alto e isso desmotiva vários empresários. Além disso, muitos ainda não chegaram na 3° revolução e por isso, não se preocupam com a 4°.
Outra dificuldade é a adaptação cultural que as empresas mais velhas devem passar. Um grande problema é que todos os seus integrantes, desde o cargo mais baixo até o CEO devem estar comprometidos.
A utilização de startups para prover tecnologias visando a digitalização tem sido uma estratégica amplamente usada. Nesse ponto, a velocidade de resposta de uma startup é muito maior do que uma empresa centenária que depende de um processo burocrático por traz das tomadas de decisões.
Entretanto, uma startup morre tão rápido quanto ela é capaz de entregar seus resultados (e isso é muito rápido!) necessitando da agilidade da empresa que a contrata. A Fábrica de startups, nesse aspecto, tem feito um trabalho sensacional para o ecossistema empreendedor do Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro como mediadora/aceleradora.
Por fim, à ausência de um banco de dados minimamente grande é algo que atrapalha (e muito) o surgimento da industria 4.0 no Brasil (sem dados é impossível dessa revolução ocorrer).
Conclusão
Sim, a industria 4.0 é uma realidade e ela irá impactá-lo mais cedo ou mais tarde (tanto como empresário ou funcionário). É necessário que você esteja apto para surfar a onda que está chegando (e ela é bem grande!) .
"Ok, mas como eu me torno apto e não perco o meu emprego?"
Felizmente, grande parte do conteúdo envolvendo estas tecnologias está disponível online e gratuitamente. O que teremos será uma especialização cada vez mais acirrada do trabalho fora o surgimento de novas profissões. Atividades manuais serão cada vez mais substituídas e o ser humano conseguirá utilizar mais do seu tempo que empreguem a qualidade que apenas ele tem: ser criativo.
E se você é empresário? Conscientize os seus funcionários. Mostre para eles que para continuar competitivo vocês precisarão surfar essa onda e, sobretudo, invista neste setor: procure startups ou empresas que já tem solução ou que querem desenvolver uma (algumas vão até desenvolver um piloto gratuito)